Empregos juniores em tecnologia estão desaparecendo, e a culpa pode ser da IA

Adoção acelerada de ferramentas de IA pode encolher oportunidades para recém-formados na área de tecnologia

Author Photo
4:24 pm - 28 de maio de 2025
Imagem: Shutterstock

O impacto da inteligência artificial (IA) nos empregos não é mais uma hipótese futura, já está sendo sentido, especialmente por quem está apenas começando a carreira. Uma nova pesquisa do SignalFire, fundo de venture capital com foco em dados, divulgada pelo TechCrunch, identificou um recuo considerável na contratação de profissionais recém-formados em tecnologia em 2024, atribuindo parte dessa tendência ao avanço da automação por IA.

Segundo o levantamento, empresas de tecnologia contrataram 25% menos recém-formados em 2024 do que em 2023. Entre as startups, a queda foi de 11%.

Segundo a publicação, o recorte inclui principalmente empresas de Big Tech e foi baseado na análise de movimentações de 600 milhões de profissionais e 80 milhões de empresas no LinkedIn. O estudo não revela o número exato de vagas cortadas, mas aponta que foram “milhares” de oportunidades a menos.

Leia também: ANPD abre inscrições para concurso com 213 vagas

IA assume a dianteira

Para o SignalFire, a explicação está na adoção cada vez maior de ferramentas de IA generativa capazes de executar tarefas que antes eram delegadas a profissionais em início de carreira, como instalação de softwares, pesquisa financeira, codificação básica e depuração de sistemas.

Como explica Asher Bantock, líder de pesquisa da SignalFire, há “evidências convincentes” de que a IA é um fator significativo nessa retração.

Por que juniores não estão sendo contratados?

A pesquisa revela que a lógica é simples por trás dos dados é simples: empregos juniores costumam envolver atividades repetitivas e de baixo risco, exatamente o tipo de tarefa que a IA já consegue realizar com eficiência. Ou seja, para algumas empresas, faz mais sentido investir em tecnologia do que em talentos em formação.

O fenômeno não está à tecnologia. Em áreas como o mercado financeiro, o impacto já é visível. Gabe Stengel, fundador da Rogou, startup de análise financeira com IA, contou que sua ferramenta realiza praticamente todo o trabalho que ele fazia no início da carreira, quando atuava no banco de investimentos Lazard: análise de dados, due diligence e elaboração de materiais. “A gente monta tudo”, disse ele durante um evento recente de tecnologia financeira.

Embora grandes bancos ainda não tenham anunciado cortes oficiais nas contratações de analistas, o New York Times revelou que executivos do Goldman Sachs e do Morgan Stanley chegaram a considerar reduzir em até dois terços as contratações de juniores e ajustar seus salários, uma vez que a carga de trabalho vem diminuindo com o e da IA.

Demanda por profissionais experientes

Mas enquanto os cargos de entrada encolhem, a demanda por profissionais experientes só aumenta. De acordo com o relatório do SignalFire, as Big Techs ampliaram em 27% as contratações de pessoas com dois a cinco anos de experiência. Startups também seguiram a tendência, com crescimento de 14% nas contratações dessa faixa.

Isso cria um velho, porém intensificado, paradoxo para os recém-formados: como adquirir experiência se ninguém está disposto a contratá-los? Para Heather Doshay, sócia de talentos da SignalFire, a solução pode estar no domínio das próprias ferramentas que hoje são vistas como ameaça. “A IA não vai tirar seu emprego se você for a pessoa que melhor sabe usá-la”, aconselha.

Siga o IT Forum no LinkedIn e fique por dentro de todas as notícias!

Tags:
Author Photo
Redação

A redação contempla textos de caráter informativo produzidos pela equipe de jornalistas do IT Forum.

Author Photo

Newsletter de tecnologia para você

Os melhores conteúdos do IT Forum na sua caixa de entrada.